Preços em baixa e descontos favorecem compra da casa própria
Tapai Advogados | Em 1 de janeiro de 2016
Com a economia em crise, os preços dos imóveis despencaram. Construtoras e incorporadoras, que começaram a levantar prédios quando os valores estavam nas alturas, ficaram com um grande estoque em carteira. Agora, para manter o fluxo de caixa dão bônus extraordinários, descontos que chegam a 51% e até carro na garagem. Para a maioria dos especialistas, é a hora de realizar o sonho da casa própria. Quando o país tomar o rumo do crescimento, os preços vão acompanhar. No momento, quem tem dinheiro na mão pode fazer um bom negócio.
É preciso cautela, no entanto, para não cair em armadilhas. O assédio dos vendedores é grande e, muitas vezes, oportunidades vendidas como únicas, ou imperdíveis, nem sempre são verdadeiras. É possível que o valor mais em conta de um imóvel incluído numa promoção, por exemplo, reflita apenas o realinhamento de preços do mercado. Nesse caso, outros, na mesma região, oferecem as mesmas oportunidades. Além disso, antes de bater o martelo, é importante fazer detalhadamente os cálculos de quanto será gasto com prestações mensais e intermediárias. Adquirir um imóvel é diferente de comprar um carro. Dependendo das condições na entrega, será preciso ainda desembolsar pelo menos R$ 10 mil em materiais e serviços. Lembre-se de que aquele modelo pronto para morar que você visitou é apenas uma referência. “Leia atentamente o memorial descritivo da obra. Lá estão todas as informações sobre a construção e em que condições será entregue o imóvel”, aconselha Lucas Vargas, vice-presidente executivo da Construtora Vila Real. De acordo com Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário do escritório Tapai Advogados e presidente do Comitê de Habitação da OAB/SP, muitas vezes, o cliente é enganado ou não recebe todas as informações necessárias.
Tapai fez uma simulação para mostrar que, nessas transações, os cálculos não são tão simples. No exemplo dado por ele, o preço do imóvel é de R$ 300 mil. Como entrada, o comprador paga
R$ 20 mil de uma vez e 36 parcelas mensais de R$ 1 mil (total de R$ 56 mil). Com isso, pensa que, no final, terá um saldo a financiar de R$ 244 mil. Não é verdade.
O que o cliente não sabe é que há uma correção mensal pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que não é incluída no início para que o valor caiba no bolso do comprador. Não são cobrados juros durante a construção. Porém, com a revisão do INCC, no fim, ele estará devendo mais de R$ 311 mil. “Esse é o saldo a financiar. O salário do trabalhador não cresce na mesma proporção do INCC. Para reduzir o impacto do empréstimo do banco ou da construtora após as parcelas iniciais, o comprador teria que pagar, mensalmente, pelo menos, 1% da promessa de compra e venda (R$ 3 mil). O ideal, no caso de prestações baixas, é ir fazendo amortizações ao longo do tempo”, ensina Tapai.