Momento é desfavorável para aquisição de imóveis
Tapai Advogados | Em 3 de outubro de 2015
Segundo especialistas, investir em imóveis no atual cenário “não é um bom negócio”, mas ressaltam que, para quem planeja comprar a casa própria ou mudar de moradia, fazer a análise do orçamento e sempre optar pela saúde financeira familiar são fatores determinantes.
De acordo com a pesquisa FipeZap, divulgada em parceria pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o portal Zap Imóveis, o preço de venda dos imóveis no Brasil caiu 0,1% em agosto: a primeira retração observada na série histórica do indicador.
Já no acumulado do ano, enquanto o índice mostra uma alta de preços de 1,5%, a inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mesmo período está acerca de 7%.
Assim, só em 2015 até agora, o preço médio do metro quadrado teve queda real superior a 5%, já descontada a inflação. Para Daniele Akamine, advogada e sócia da Akamine Negócios Imobiliários, no atual cenário, analisar a situação financeira pessoal e realizar uma pesquisa são atitudes necessárias para a decisão de aquisição de um imóvel.
“Com as taxas muito altas, as pessoas estão evitando comprar uma casa e fazer dívidas de longo prazo. No entanto, as construtoras estão com estoque muito alto e já apresentam casas com preços menores e desconto significativos. É um momento de ver a saúde financeira e fazer um planejamento porque, apesar do mercado oscilar muito, ele não para totalmente”, afirma.
Com a alta de juros para financiamentos imobiliários e o menor volume de crédito para a compra de imóveis, bancos públicos e privados já tem se mostrado mais restritivos na aprovação de suas concessões.
Dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança
(Ab e c i p) apontam que o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis somou mais de R$ 5 bilhões em agosto, queda correspondente a 35,9% comparado ao mesmo período de 2014.
Para Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário e presidente do Comitê de Habitação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), por causa das perspectivas e incertezas do mercado, na hora de se comprar um imóvel, “é aconselhável que já se tenha parte significativa ou o valor quase total do imóvel pretendi d o”. Ele ainda ressalta que, no momento econômico em que o País se encontra, “financiar não é uma boa saída”.
“Hoje nós temos menos dinheiro no mercado, bancos oferecendo percentual de financiamento menor e tendo uma exigência maior para critério de aprovação, além de juros bem maiores. Isso paralisa o mercado e é um fenômeno que, inclusive, pega de calça curta quem comprou imóveis na planta há alguns anos atrás. Era uma perspectiva de financiamento bem diferente da que a gente vê hoje”, avalia.
Já Katia Millan, advogada especializada em direito imobiliário da Moreau Advogados, afirma que o preço dos imóveis “c a m i n h a” com as mudanças de crédito e estima que, mesmo com as atuais restrições dos bancos, “o mercado buscará outras formas”.
Além do preço
Os especialistas ouvidos pelo DCI ainda afirmam que, contando a instabilidade do mercado imobiliário e as incertezas do cenário econômico, a atenção deve voltar para mais alguns fatores além do preço. “Não pode se valer só do preço do imóvel. Precisa checar a região, se esse imóvel está regularizado, se a matrícula está em dia, se não tem restrição e como está o estado físico da estrutura. No imóvel comprado na planta, é preciso verificar o histórico da construtora e fazer pesquisas no Procon e no tribunal da justiça para ver se existem muitas reclamações contra a empresa e saber quais riscos você corre”, avalia Tapai.
“Além da questão financeira propriamente dita, existem diversos outros fatores que interferem na escolha e na compra certa do imóvel”, completa.
A advogada Akamine ainda analisa que fazer uma visita ao imóvel sem pressa e dar preferência ao lado racional na hora da compra, pode fazer uma grande diferença na aquisição.
“A pessoa tem que ir preparada, com a cabeça fria, sem se deixar levar pela emoção. Precisa pesquisar outros preços, procurar corretores. É preciso sempre tentar negociar o máximo possível. Se é algo que se quer, isso é uma coisa que não dá pra ter preguiça”, afirma.